Every time you go away

     You take a piece of me with you....
     
     As memórias voltam com uma música. A gente é capaz de sentir um cheiro novamente. A temperatura do local. Estou pra dizer que lembro o ano. 1985, 1986, 1987... e não é que o que na época era muito importante agora fugiu da memória e eu não tenho certeza? Mas a trilha foi essa música. E foi foda. Na época foi muito foda. 

     Mas hoje eu sei que aquele menino que me dispensou era um cara legal e honrado. Um cara que respeitava outras meninas. Respeitava a mãe, a namorada.  

     Era o que chamam de crush. A paixão mal resolvida. A escola inteira sabia mas eu jurava que ele jamais desconfiaria do alto de seus 17 anos e incríveis olhos azuis. Ele ainda os tem mas tá lá com sua carequinha e sua barriguinha tal qual seu pai. Sim, era meu vizinho. 

     E eis que numa tarde calorenta do Rio de Janeiro, da Ilha do Governador dos anos 80, ele toca a campainha e me chama pra conversar na calçada. Não lembro como eu fiquei, mas desci. Eu tinha um 3 em 1 no quarto que deixei falando sozinho num volume pra fazer trilha sonora da vida! Então lá da calçada dava pra ouvir. E então ele começou, não me lembro como, a dizer que sabia que eu gostava dele mas que não ia rolar porque ele tinha essa namorada (sim eles casaram e tiveram lindos filhos). E que queria o melhor pra mim porque éramos vizinhos, as famílias se conheciam e se gostavam e que eu merecia namorar alguém que gostasse de verdade de mim e ele não me via assim. Era como uma irmã. No fundo então Paul Young dá o último golpe no rádio. Vou colocar o link do vídeo e aproveite pra cortar os pulsos com a Melissa de 14 anos que eu era. Sim. O ano era 1986. 

     Não foram poucas as lágrimas. Não foi pouco o sentimento de tristeza. Aluguei uma amiga de escola no outro dia (não dava pra ligar de casa) na aula de inglês e chorei tipo atriz mexicana, indiana. Tipo a Marquezine quando era criança! Choro profissional. Muito sorvete, muito Bono, muito choro e muita música de corno. Eu ainda não tinha permissão pro vinho. 

     Mas hoje do alto dos meus 47 anos eu só tenho a agradecer. Agradecer à família dele que criou um cara tão maneiro, tão bom caráter que me poupou de qualquer ilusão. Ele poderia ter mantido a namorada e tirado várias casquinhas. Ele poderia ter tirado de uma vez só e mantido a namorada. Ele só tinha 17 anos mas era um cara legal. 
     
     Nem sempre foi assim, não encontrei poucos escrotos na vida. Encontrei vários. E devo ter sido escrota com alguns também. 

      Eu tenho certeza que ele é feliz! E eu grata por ele ser uma doce lembrança. Espero que tanto os filhos deles quanto os meus encontrem gente assim pelo caminho. Mesmo que eu saiba que ainda vou segurar muito choro. Meu e deles. 

      Curte aí jovem! 

      Paul Young
     
     


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O que você aprende na aviação.

Como eu senti Santa Maria